quarta-feira, 16 de março de 2016

Os cheiros. Os aromas e eu, a sentir-lhe o olhar, o fulgor a palpar o que órgão quente em calças justas desenha, mergulhando nele o sexo pornógrafo.

Lábios na chiclete. Dúzias de bocas furiosas, grunhidos, guinchos. O ruído que saí pelo nariz. Um naufrágio. A luz atira-me à janela. O sol a morar-me entre os cabelos. A ideia anarquista de fugir para o meio do amarelo. A boca, dos lábios só, nome de raça. A poça por todo o lado às mãos agarra-se em massa. Depois de terminar, paguei a conta, agradeci à empregada. Na rua espera-me ela desperta. Quero esconde-la, desejo-a primeiro na boca, depois entre os seios até ao último empurrão em cenário obsceno. E eu nunca antes tinha visto tanta água para mergulhar os polegares, um rio, e um rio não é obsessivamente só água. É sobretudo o corpo em brusco poema, tamanho o sexo que lhe sai pela boca.


Luísa Demétrio Raposo

Sem comentários: