sábado, 28 de novembro de 2015

Jardim Separado

As palavras são ópio, o cavalo que consome a foz, a bigorna,
o assédio onde se amolda toda a minha farra, aquela guerreira
que salta das palavras e as oxida na excitação do sexo
numérico.
A minha liberdade é a orgia, a luxuria, a alma e ambas
caçam- me entre os seus ganchos orgásticos e por mais que
eu fuja o orgasmo é o cavaleiro que percorre todos os meus
matos.
A fantasia humana na imersão do erotismo, o desassossego,
a raiz e o ventre: a insónia placenta o meu abandono a toda
a gruta onde me vou fechando, um delírio híbrido onde se
desintegram e atraem os ambos vórtices.
Portas submersas, as carnes gorjeiam, redondas, curvilíneas,
serpenteiam abismos em cada um dos tesões. O som agarra
a flecha pelo ânus, o pénis rijo que quebra o voo e geme
dentro dele corrompendo- se na música que ferve, suando a
procura das bocas que se alimentam dos pedaços de som, a
árvores dos relâmpagos.

Luísa Demétrio Raposo


in O jardim Separado, 2013


foto * Jan Saudek






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