O que eu escrevo fode
por inteiro o deus vosso. A escrita é um esperma contínuo e que nunca se me
acabe esta copula e tudo é ejaculação e sobe ao alto vogante, se vai e vêm, na
saliência vulnerável do bolço veemente da metáfora maiúscula, em queda violenta
e que trás com ela a encastoada em galope, a lisa excitação, o estar. Quanto
mais difusa é a viagem mais corta a navalha e o desejo obstinado em ser
complexas e sinuosas iminências por conceber a pensante o foder, a desordem que
se alterna consoante tudo o que se assombra a meio. Eu sou isto, completamente
alheia à vossa exaustão e à vossa inercia, supero todos os escrivãs apenas em carne,
ficando por isso difícil para vossas iminências encarnar-me e entendei que eu não
vos pertenço, eu nunca vos pertencerei, quer aceitem ou não a minha passagem. Eu
desapareço e vocês voltam ao nada.
Luísa Demétrio Raposo
* Fortios, Setembro 2015
Sem comentários:
Enviar um comentário